Nina Nina Não #42: Casting de iguanas
Quando Erick entrou pela primeira vez em uma agência de talentos no estado de Connecticut, pensou que seria fácil ganhar uns trocados com animais exóticos protagonizando campanhas publicitárias. Era janeiro de 2009 e os Estados Unidos da América começavam a se recuperar da crise financeira que deixou muitos norte-americanos desempregados, inclusive ele. Erick se virava com bicos de garçom e faz-tudo, mas nada garantia a estabilidade necessária para arcar com a alimentação dos dezoito bichos que habitavam a sua casa no sul do estado.
A ideia de lucrar com aparições dos pets veio da namorada, que ganhava a vida fazendo escova em poodles celebridades que estrelavam propagandas de TV. Conversando com uma das clientes, Evelyn conseguiu o contato de uma agente e insistiu para que o namorado desse uma chance. Relutou por ser super protetivo com os amiguinhos animais e achou que a ideia parecia absurda. E se aquilo fosse abuso de incapazes?
O dilema desapareceu assim que Erick descobriu o cachê praticado pelo tipo de serviço: uma diária de 400 dólares. O jovem alto, na casa dos trinta anos, foi com grande entusiasmo produzir o book fotográfico de duas tarântulas, três jiboias e cinco iguanas com uma câmera CyberShot até então largada no fundo da gaveta. Enviou para a agência de talentos da região e aguardou. Depois de tanta propaganda e insistência da companheira, se iludiu na expectativa de um retorno imediato. Ficou frustrado por meses sem receber nenhuma ligação.
A espera de Erick não foi em vão. Quando uma produtora de cinema finalmente entrou em contato dizendo que tinham gostado muito da silhueta de Patrícia e Alfred - as iguanas caçulas da família réptil -, veio o convite de uma audição para projeto secreto. Ao telefone, a mulher explicou que nada era garantido. Avaliariam a química entre os elencos humanos e animais e depois definiriam quem realmente seria escalado.
Os dias seguintes foram intensos em treinos e cuidados com as iguanas. Erick sempre foi um bom tutor, mas a atenção se multiplicou diante da incrível oportunidade de ter em casa animais famosos. Os bichos foram muito bem no teste e a proposta de participar de uma grande produção cinematográfica não tardou a chegar. Mesmo alheio às noções contemporâneas de entretenimento, Erick fez questão de acompanhar todos os processos.
A experiência de acompanhar de perto os bastidores de uma gravação hollywoodiana foi incrível e segue sendo assunto frequente nas conversas de Erick com amigos, familiares e desconhecidos na fila da lotérica até hoje. Não é todo dia que um dos seus casais de iguanas recebe uma grana para gravar um filme com o Nicolas Cage e o Val Kilmer muito loucos de cocaína.
adorei, Nina!
Depois dessa só tenho a declarar:
hahahahahahaha que sacada!