Nina Nina Não #37: Elogio à taioba
Maria Alice nunca tinha ouvido falar em taiobas até os quarenta e cinco anos. Só quando se interessou pelo universo da alimentação saudável que descobriu a existência da folhagem rica em vitamina A e fibras. A primeira vez que viu a planta em um post do Instagram de um chef famoso, ficou surpresa. Naquela altura, achava que já conhecia todas as possibilidades verdinhas que a natureza era capaz de oferecer, mas foi nesse momento que o universo de possibilidade de plantas alimentícias não convencionais abriu-se diante dos seus olhos. Procurou a tal da taioba no mercado, nos hortifrútis orgânicos da cidade e até direto com alguns pequenos agricultores que conhecia. Ninguém tinha a folha para venda. Talvez a região, quente e com poucas chuvas, não fosse propícia para o cultivo.
Sua primeira vez com a taioba aconteceu apenas quando uma amiga visitou o sítio de um parente e trouxe como presente. Um momento de comoção. Depois de tanta espera, descobriria o sabor tão aguardado. Pesquisou várias receitas e decidiu pelo básico. Preparou um arroz bem temperado e comeu com a folha refogada. Não deixou mais ninguém provar da iguaria.
Foi amor à primeira mastigada. Um amor de difícil acesso: onde ela continuaria arrumando taioba para nutrir seu corpo e seu desejo? A resposta veio em uma conversa com uma colega de infância, que revelou o costume de comprar mudas de plantas online. No dia seguinte, o Mercado Livre já havia enviado a confirmação de envio de sete bulbos de taioba para sua casa. Ela não acreditou muito que a raiz de uma planta mandada pelos Correios ia vingar, mas ficou feliz em admitir a expectativa equivocada.
Três semanas depois de fincar na terra úmida os brotos recém-adquiridos, as primeiras folhas da taioba já apareciam majestosas em sua horta. Teve dó de colher no início, mas trocou o sentimento por experimentações culinárias que passavam por trouxinhas com abacate, bolinhos crocantes, pesto e farofa. Já pegou taiobas de mais de um metro e sua última aventura ultrapassou a cozinha. Na última colheita, resolveu aproveitar a beleza monumental das folhas e testar algo diferente. Escolheu um vaso bem vistoso, colocou no meio da mesa, fotografou o arranjo e enviou para as amigas. “Gostou? É taioba!”.
Beijos,
Nina
(@ninarocha)